domingo, 30 de novembro de 2008

Quando eles souberam - Maria Dinorah


Os meninos que brincam,
Talvez não saibam não
Que há meninos na luta

Por um pouco de pão.
Os meninos que estudam,
O fazem sem notar
Que há meninos
Com o poder de estudar.
Há meninos, com tudo,
A viver muito bem,

Que talvez não entendam

Por que tantos não têm.
E há meninos vivendo

O momento de paz
Sem querer perceberem

Do que a guerra é capaz.
Mas quando eles souberem,
Tudo isso vai passar

Pois está nas crianças

O poder de mudar.

A autora Maria Dinorah nasceu em Porto Alegre e passou a infância em Colônia de São Pedro, distrito de Torres, no Litoral Norte. Professora por formação, foi uma pioneira na literatura infantil e infanto-juvenil do Estado e na própria aproximação dos autores para crianças com as escolas. Com mais de cem livros publicados, entre prosa e poesia, estreou na literatura nos anos 1960, e pelas décadas seguintes se tornaria um dos autores mais lidos pelas crianças e jovens e idade escolar. Muitas de suas obras foram ilustradas por Luiz Alberto Prado, seu filho, arquiteto e artista plástico.
Abordou questões como leitura, questões sociais e ecologia — ainda em vida a escritora recebeu a homenagem de dar nome a uma biblioteca ecológica em Porto Alegre. Dentre suas dezenas de livros, merecem destaque
A Coragem de Crescer, Panela no Fogo, Barriga Vazia, Poesia Sapeca, Dobrando o Silêncio e Giroflê Giroflá. Faleceu dia 16 de dezembro de 2007, aos 82 anos, deixando uma linda obra poética publicada.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Apresentação: Deu CUPIM na história... Gratuita


Pessoal, a BLM está aberta para agendamentos para a contação de histórias " Deu Cupim na História". As apresentações são GRATUITAS e podem ser agendadas por escolas, ONGs, grupos... Todas as terças, quartas e sextas-feiras de manhã. A idéia do Projeto Cupim é transmitir de forma lúdica às crianças algumas noções de como conservar melhor os livros. Tratando de assuntos tais como não riscar com lápis e canetas, não dobrar as pontas das folhas para marcar onde foi encerrada a leitura, não molhar o livro, não se debruçar sobre os livros, não comer e beber quando manusear os livros, não forçar a encadernação, não manusear com mão sujas, não escrever no livro, entre outras recomendações, mas de forma que as crianças possam entender. Tudo inserido dentro do Projeto Cupim, inserido no Tesouros Juvenis, contemplado pelo Programa Petrobras Cultural.
Agendem-se pelo fone: (51) 3225 - 7089, estamos esperando a participação de todos!

domingo, 23 de novembro de 2008

Dicionário Aurelinho



Este dicionário é o resultado de uma extraordinária colaboração entre três famílias da mais alta reputação no mundo do conhecimento, da formação educacional e das obras de referência: uma delas nos garante a autoridade definitiva do texto, a segunda nos traz a sólida experiência didática das salas de aula e a última envolve tudo isso com sua aura de alegria e divertimento, sem nunca perder de vista a precisão do saber e a postura ética.

Elaborado para atender a crianças em fase de alfabetização, mais exatamente aquelas nas duas primeiras séries do Ensino Fundamental, este dicionário tem quase 3.000 mil verbetes e 425 ilustrações: sejam as fotografias de objetos e seres reais; sejam os desenhos e aquarelas, também de objetos ou seres, mas que podem ainda representar ações, e até emoções; sejam finalmente as aparições de um grupo de personagens encarregados de criar uma relação prazerosa e motivadora com nossos pequenos leitores, despertando-lhes a curiosidade e o amor pela palavra escrita.

A escolha das palavras deste dicionário foi feita com base no uso das crianças, no ambiente familiar e na escola, não deixando de lado o universo que a cerca, como a televisão e as notícias, as histórias em quadrinhos e a literatura infantil em geral, e a informática. Perseguimos a clareza e simplicidade das definições, o emprego adequado e acreditamos que a redação dos exemplos foi particularmente feliz, no sentido de se adaptar à linguagem e à realidade infantis. Houve de nossa parte um cuidado com a tipologia empregada (Frutiger), de formato grande e arredondado, para facilitar a leitura, e uma preocupação permanente em criar páginas harmoniosas em seu todo, que convidem para muitas e muitas consultas.

Disponível em Novo Dicionário Aurélio

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Pé de Pilão - Mario Quintana

Pé de Pilão é um texto poético narrativo, repleto de acontecimentos fantásticos, de imprevisibilidades, de transformações e imagens significativas, capazes de aguçar o imaginário do pequeno leitor.

Fadas, Nossa Senhora, poderes mágicos e milagres foram
entretecidos num mesmo poema narrativo, provocando a ruptura dos
elementos que estruturam os contos de fada tradicionais, adicionando
elementos da crença popular brasileira. (Marchi, 2000, p. 150).
Ao mesmo tempo em que se compõe de cenas cotidianas do universo infantil, trazendo questões como a família, a religiosidade, as regras sociais, a escola, auxiliando o infante a ampliar seu conhecimento de mundo.
Para Mario Quintana, as crianças têm uma poética própria, visivelmente explorada em Pé de Pilão, como nos revela o próprio poeta:

Eu comecei a fazer rimas, e a rima puxou o enredo: comecei com aquela rima do pato-sapato, e fui indo em frente, quando vi, notei que tinha uma história pronta [...] as crianças parecem que gostaram, e elas são os críticos mais terríveis que eu conheço [...] gostam de rimas do tipo ´Gabriela, cara de panela` ou ´Quintana, cara de banana`. É a poética das crianças .


Hoje, o grupo teatral a Turma do Pé Quente, composta por Cláudio Levitan, Pâmela Amaro, Melissa Arievo, Ed Lannes e Ian Ramil apresenta a Opereta Pé de Pilão que mistura teatro, bonecas e musical, o espetáculo ganhou o troféu Tibicuera 2006 de melhor trilha e se confirmou como um dos maiores sucessos do teatro infantil.

Com texto de Mário Quintana, música de Nico Nicolaiewsky, Vitor Ramil e Cláudio Levitan, e direção de Mário de Ballentti, o grupo de cinco atores-músicos conta e canta a história do menino que virou pato e sua avó enfeitiçada, que perde seu encanto, o de nunca envelhecer. O pato, na tentativa de reencontrar sua avó enviando-lhe uma foto, é preso pelo cavalo-polícia, junto com o macaco retratista e o passarinho da máquina fotográfica. Uma aventura que envolve cobra, fada enfeitiçada, Nossa Senhora, meninas traquinas, professor Dom Galaor, e muitos feitiços até ele reencontrar a sua avó enfeitiçada. (Acesse aqui).

Referências:

MARCHI, Diana Maria. A literatura infantil gaúcha: uma história possível. Porto Alegre: Editora da Universidade/ UFRGS, 2000.

DARIANO, Clóvis. Pé de pilão. Temporada 2008.

QUINTANA, Mario. Pé de pilão. São Paulo: Ática, 1996.


segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cantigas de Ninar - Boi da cara preta


Boi, boi, boi

Boi da cara preta

Pega esta criança que tem medo de careta

Não , não , não

Não pega ele não

Ele é bonitinho, ele chora coitadinho


Esse é um exemplo de Cantiga de Ninar ou Acalanto: “Canção para adormecer crianças. É palavra erudita, designando o ato de acalentar, de embalar. No seu sentido musical, equivalente, por exemplo, ao da palavra francesa berceuse e da inglesa lullaby, foi utilizada por extensão e pela primeira vez pelo compositor brasileiro Luciano Gallet. Popularmente, nossos acalantos são chamados cantigas de ninar”. (Oneyda Alvarenga, “Comentários a Alguns Cantos e Danças do Brasil”, Revista do Arquivo Municipal, LXXX, p. 209, S. Paulo).

Cantiga de ninar: “O acalanto, canção ingênua, sobre uma melodia muito simples, com que as mães ninam seus filhos, é uma das formas mais rudimentares do canto, não raro com uma letra onomatopaica, de forma a favorecer a necessária monotonia, que leva a criança a adormecer. Forma muito primitiva, existe em toda parte e existiu em todos os tempos, sempre cheia de ternura, povoada às vezes de espectros de terror, que os nossos meninos devem afugentar dormindo. Vieram as nossas de Portugal, na sua maior parte, e vão passando por todos os berços do Brasil e vivem em perpétua tradição, de boca em boca, longe das influências que alteram os demais cantos”.
(Renato Almeida, História da Música Brasileira, p. 106).

Os nossos indígenas tinham acalantos de extrema doçura, como um, de origem tupi, onde se pede emprestado ao Acutipuru o sono ausente ao curumi. No idioma nheengatu o acalanto se diz cantiga do macuru. Macuru é o berço do indígena.
(Barbosa Rodrigues, Poranduba Amazonense, p. 287).

Em quase todos os acalantos, o final adormecedor é uma sílaba que se canta com várias notas, á-á-á-á, ú-ú-ú-ú, o ru galaico, ainda popular nas cantigas de berço portugueses.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Maroca: a vovó cocota - Elias José

Vovó Maroca

toda cocota

toda vaidade

setenta anos

é mais pra frente

que muita gente

de pouca idade.

Vovó Maroca

se é calor

apanha a tanga

pega a motoca

vai pegar cor.

Vovó Maroca

se vai a festa

não se definha

não perde a linha

e ainda testa

o que é novidade

pra mocidade.

Vovó Maroca

se apruma

e se arruma

é um modelo

frente ao espelho.

Só “jeans” azuis

bata estampada

pouca pintura

e nada de tintura

no seu cabelo.

Vovó Maroca

não tem segredo.

E se há problema

só há um lema:

não ter medo

e enfrentar a vida

de cabeça erguida.


Hoje na 54ª Feira do Livro de Porto Alegre homenageia o poeta e escritor infantil, às 20h, na Arena de Histórias (Armazém A1, do Cais do Porto, área Infantil e Juvenil). Abertura com Peter O´Sagae e Ana Claúdia Ramos ( presidente da AEILIJ), além de leituras da obra do autor feitas por Charles Kiefer e Caio Ritter, entre outros. Tem a organização de Maria da Graça Artioli. Participe!!!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Projeto Cupim


O Projeto Tesouros Juvenis da Biblioteca Lucília Minssen, contemplado na Seleção 2004-2005 do Programa Petrobras Cultural, a partir de novembro estará disponibilizando ao público infantil o Projeto Cupim, um projeto de educação preventiva do patrimônio para crianças na faixa etária da educação infantil. O Projeto Tesouros Juvenis da Biblioteca Lucília Minssen visa a higienização, recuperação, acondicionamento, catalogação, armazenamento e disponibilização à consulta do acervo especial da Biblioteca. Dentro da proposta do Projeto Tesouros Juvenis, para o Setor de Patrimônio da Biblioteca cujas coleções bibliográficas são de características históricas, foi previsto através de um processo lúdico de caráter educacional as apresentações do Projeto Cupim. A idéia é o desenvolvimento de uma consciência de preservação e valorização do livro e da leitura a partir das idades mais tenras, corroborando para a formação de cidadãos preparados para o futuro. Para tanto foi confeccionada uma fantasia de espuma caracterizando um cupim estilizado que será o protagonista da ação desenvolvida. A confecção do figurino do Cupim ficou a cargo da bonequeira Tânia de Castro.


O Projeto Cupim, um processo lúdico de aprendizagem, pretende fazer germinar nas crianças uma disposição à prática de valorização dos benefícios que os livros podem trazer para a vida das pessoas. Isto tudo de forma interessante, divertida e alegre. Estão previstas 12 apresentações gratuitas com uma média de 50 crianças por sessão. Estas apresentações são destinadas a instituições públicas e Ongs e estão agendadas para a segunda quinzena de novembro durante a semana, sempre nas 3ª e 6ª. Após essas sessões, as demais instituições interessadas poderão agendar outros horários com a Administração da Biblioteca.

A idéia do Projeto Cupim é transmitir de forma lúdica às crianças algumas noções de como conservar melhor os livros. Tratando de assuntos tais como não riscar com lápis e canetas, não dobrar as pontas das folhas para marcar onde foi encerrada a leitura, não molhar o livro, não se debruçar sobre os livros, não comer e beber quando manusear os livros, não forçar a encadernação, não manusear com mão sujas, não escrever no livro, entre outras recomendações, mas de forma que as crianças possam entender.

As turmas de crianças são convidadas para uma sessão de contação de histórias com uma duração média de 30 minutos. A contadora (Ciara Hoch) tenta contar uma história, mas como o livro que ela escolhe para a sessão está comido numa certa folha, ela não consegue continuar narrando a história. Então começa a função de descobrir quem teria comido o pedaço daquele livro e por quê. Entre vários motivos e possíveis culpados, surgi um cupim. É Pimpim, o cupim (Rogério Hoch) que quer o livro para comer porque ele é o seu almoço. Mas Pimpim gosta muito de histórias e acaba entrando em acordo com a contadora de histórias para não comer mais os livros e também a ajuda a encontrar outro exemplar inteiro do mesmo livro e a contar o resto da história. O Cupim ao final da sessão de contação de histórias se conscientiza da necessidade de cuidar e tratar bem dos livros dando esse exemplo para as crianças.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Capacidade infantil de entender o teatro


Parte do texto extraído de ZURAWSKI, Maria Paula Vignola - A CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E INFÂNCIA E O TEATRO QUE SE PRODUZ ATUALMENTE. Disponível em: Acesso em 04 nov. 2008.


Uma criança também tem grande capacidade de entender e fazer julgamentos a partir das peças teatrais que assistem.


"Ao reler o capítulo relativo ao teatro infantil no livro “O Estranho Mundo que se Mostra às Crianças”, de Fanny Abramovich, confesso que o mesmo não me impactou tanto quanto da primeira vez que o tive nas mãos. O teatro infantil parece ter mudado para melhor, talvez graças às idéias que reconhecem a infância e o direito das crianças à educação e à arte. Podemos dizer que há mais produções que encaram a criança como sujeitos do que na época em que a Fanny escreveu seu livro.


Para demonstrar como a visão de criança influencia os resultados de uma montagem teatral, tomemos como exemplo o original de “Pinnochio”, de Carlo Collodi. Este texto foi escrito dentro de uma concepção moralista de infância, onde o castigo físico era natural e a chantagem um meio comum de conseguir que os pequenos se comportassem dentro dos padrões esperados na época. Dependendo da idéia que um artista tenha a respeito das crianças, seu “Pinnocchio” para teatro pode:

  • eliminar totalmente as características cruéis do texto, poupando as crianças de vê-las em cena ou pensar sobre elas;
  • mantê-las e endossá-las por convicção própria, usando o texto como meio moralizante para educar as crianças e ensiná-las a não mentir;
  • mantê-las de forma a propor uma discussão crítica sobre “Pinnocchio”, levando as crianças a refletir sobre o que Pinnochio faz e por que, em que circunstâncias.

O que quero dizer é que qualquer obra, mesmo de caráter moralista, pode ser mostrada às crianças, desde que:

  • respeite o fato de que a criança pensa de forma qualitativamente diferente dos adultos;
  • reconheça o jogo como principal elemento de comunicação e expressão da criança, incorporando-o na linguagem teatral;
  • reconheça que a criança é mais ação e mais sensação do que verbal, cuidando para que música e imagens ocupem lugar importante nas montagens;
  • utilize um vocabulário adequado, que possa ser entendido pelas crianças;
  • ainda assim estenda seu vocabulário e experiências, não tendo medo de usar palavras novas, desde que contextualizadas, idéias e elementos novos que se relacionam, não “infantilizando” demais o espetáculo.
Portanto, é importante considerar que podemos comparar a criança ao adulto num sentido positivo — a criança é tão capaz quanto o adulto de fruir uma obra de arte — mas devemos ter sempre em mente que ela é qualitativamente diferente do adulto na maneira de construir seu conhecimento. Devemos identificar sempre as visões de criança que estão subjacentes aos textos e montagens teatrais e refletir sobre essa inter-relação: concepção de criança versus produto cultural."