segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Cantigas de Ninar - Boi da cara preta


Boi, boi, boi

Boi da cara preta

Pega esta criança que tem medo de careta

Não , não , não

Não pega ele não

Ele é bonitinho, ele chora coitadinho


Esse é um exemplo de Cantiga de Ninar ou Acalanto: “Canção para adormecer crianças. É palavra erudita, designando o ato de acalentar, de embalar. No seu sentido musical, equivalente, por exemplo, ao da palavra francesa berceuse e da inglesa lullaby, foi utilizada por extensão e pela primeira vez pelo compositor brasileiro Luciano Gallet. Popularmente, nossos acalantos são chamados cantigas de ninar”. (Oneyda Alvarenga, “Comentários a Alguns Cantos e Danças do Brasil”, Revista do Arquivo Municipal, LXXX, p. 209, S. Paulo).

Cantiga de ninar: “O acalanto, canção ingênua, sobre uma melodia muito simples, com que as mães ninam seus filhos, é uma das formas mais rudimentares do canto, não raro com uma letra onomatopaica, de forma a favorecer a necessária monotonia, que leva a criança a adormecer. Forma muito primitiva, existe em toda parte e existiu em todos os tempos, sempre cheia de ternura, povoada às vezes de espectros de terror, que os nossos meninos devem afugentar dormindo. Vieram as nossas de Portugal, na sua maior parte, e vão passando por todos os berços do Brasil e vivem em perpétua tradição, de boca em boca, longe das influências que alteram os demais cantos”.
(Renato Almeida, História da Música Brasileira, p. 106).

Os nossos indígenas tinham acalantos de extrema doçura, como um, de origem tupi, onde se pede emprestado ao Acutipuru o sono ausente ao curumi. No idioma nheengatu o acalanto se diz cantiga do macuru. Macuru é o berço do indígena.
(Barbosa Rodrigues, Poranduba Amazonense, p. 287).

Em quase todos os acalantos, o final adormecedor é uma sílaba que se canta com várias notas, á-á-á-á, ú-ú-ú-ú, o ru galaico, ainda popular nas cantigas de berço portugueses.